terça-feira, 23 de junho de 2009

Morte e Velhice

Esta semana quero falar sobre morte e velhice. Não sei se pelos últimos acontecimentos funestos ou pelos últimos acontecimentos pessoais, enfim, sem mesmo saber as razões em si, quero escrever sobre o assunto. E para começar quero refletir sobre o nascimento. Este momento mágico para os pais, especialmente para as mães, pois, sem dúvida, são elas que literalmente “põem a mão na massa”, afinal geram, parem e dão broncas, mas que nós, cada um de nós, sequer se lembra do cheiro, quanto mais do momento. Mas imagino que deva ter sido um dos mais doloridos da nossa existência. Afinal, estávamos no ambiente mais aconchegante do mundo, respirando com ajuda de um meio fluido delicioso e, em questões de segundos, passamos para um mundo do ar seco. Não nos lembramos de nada, só sabemos o que nossos pais contam e o que contam os livros. Mas é o nosso primeiro ritual de passagem. E não é à toa que não o lembramos. Hoje, vivendo e vivenciando todos os nossos rituais de passagem, sabemos o quanto estes são sofridos e muitas vezes sofríveis. Mas até a metade da vida tudo parece cheio de graça, a infância, a puberdade e adolescência, a fase adulta, e os acontecimentos a estes relacionados, tudo parece nos levar para situações melhores e mais felizes principalmente porque teremos o que mais almejamos: a liberdade. Adultos, somos livres para nossas próprias escolhas, e talvez aí esteja o perigo. Exatamente neste ponto poderia começar a discorrer sobre vários aspectos dentro deste tema, mas hoje me prendo apenas no sentimento que temos ao chegar aos rituais seguintes, velhice e morte. Estes representam o fim de carreira, o topo da caminhada, é lá que devemos chegar se tudo correr bem nas nossas vidas, exatamente nesta ordem. E toda a empolgação, a vivacidade, e as esperanças cedem espaço para o desânimo, a apatia, as neuroses, a desesperança, as dores e a infelicidade. Que contradição! E justo neste momento que somos vencedores; é exatamente nestes rituais que podemos nos orgulhar da vida que tivemos, da história que escrevemos, dos laços que criamos. E porque afinal não é assim? Será que também sentirei estes maus presságios? Amigos, digo no futuro porque, estou perto, mas não cheguei lá ainda!!! E daí me preocupa. Mas reflito o que devo fazer para ser diferente. Como devo enfrentar cada dia para chegar aos próximos rituais com alegrias e contentamentos?! Não sei a resposta, mas estou com umas dicas. Considerando que o meu momento atual seja também um ritual de passagem, afinal estou sendo obrigada a me reinventar. Palavra bonita, mas difícil de vivê-la. E cada dia está sendo um “processo”: de aniquilar as dores e mágoas, lembrar que posso ser mais tolerante e paciente, exercitar a perseverança e crença na humanidade. Depois, ao chegar ao fim do dia, sinto-me como se tivesse nascido para um novo tempo, onde razão e sentimento convivem e não se excluem. Neste momento é apenas isto, talvez amanhã eu tenha outra idéia!

4 comentários:

  1. Muitas vezes os rituais de passagens são dolorosos, mas logo depois todos comemoram o resutado, principalmente o iniciado... "amanhã há de ser outro dia"...
    Bjs!

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  2. Eh!!! Velhice, ritual de passagem, reinventar... Acho que, em verdade, passamos por isso todos os dias, mas só nos damos conta quando alguns fatos marcantes nos fazem perceber esses momentos. Também se não for assim, não suportaríamos, pois a vida precisa ser feita de lembranças e esquecimentos. Tem um livro de Ecléia Bosi que reflete muito sobre a velhice ("Lembranças de velhos") e talvez nos ajude a pensar um pouco mais cedo sobre isto. Achei válida e oportuna a reflexão.

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  3. lendo sua última crônica fiquei feliz,
    pois não gastei um centavo em terapia e me sinto como vc, ou seja, fiz uma bruta economia...

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  4. Essa sensação não é apenas sentida por pessoas da meia idade ou terceira idade, mas também por mim, que tenho apenas 20 anos e só de ouvir tais pensamentos, imagino que chegará a minha hora e talvez não saberei lidar bem com isso.

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