segunda-feira, 29 de junho de 2009

Rural




Não há crise para aqueles que têm dinheiro. Saímos nas ruas diariamente e percebemos que cada vez mais aumenta o número de carros na rua, cada um mais lindo do que o outro. São marcas renomadas com modelos mais avançados e modernos. Dizem que os motores também são ecológicos, que não tem problemas com o aquecimento global, se você mantém atualizada a revisão do seu novo carro do ano. Motores bem cuidados emitem menor quantidade de monóxido de carbono, é o que dizem as propagandas. Mas esta modernidade demorou um pouco para chegar a minha casa, talvez porque não sejamos ricos. Mas poderíamos comprar um carro mais popular, ora vamos! Os carros populares modernos também são ecológicos! O carro que tínhamos na garagem era uma Rural. Não, não é uma piada. Rural é o primeiro modelo de utilitários brasileiros. É um carro alto, robusto, pode ser posto em ação nas rodovias brasileiras, pois são ótimos para passar pelas crateras em cada esquina. A Rural também é um carro amplo, com espaço para bagagens grandes. Quem precisa de uma mudança e não vai levar muitos móveis, a Rural é uma boa solução. Na parte da frente cabem três pessoas e atrás, quase cinco, dependendo do peso. Não há separação entre os bancos da frente, pois não existem dois, há apenas o banco da frente, o câmbio de marchas é posicionado bem no meio do painel de controle, próximo as suas pernas, mas quase não atrapalha quem se senta próximo, é necessário apenas um pouco de atenção porque muitas vezes a força para mudança da marcha extrapola e você recebe como resultado um leve tapa nas batatas de suas pernas, o que é muito bom para ativar a circulação. A Rural é perfeita para piqueniques, o isopor com os refrigerantes pode ser levado na frente, nos seus pés, não se você é o motorista, claro, mas o carona, e no percurso você pode ir se refrescando. Se você for de estatura baixa, este sim é um problema. O banco único da Rural não é regulável, então ponha duas almofadas, daquelas de enchimento médio, e sente-se confortavelmente. Também neste automóvel vi surgir o combustível alternativo, sem precisar gastar cerca de dois mil reais para mudanças no motor. O espaço atrás, no bagageiro, cabe com folga, dois botijões de gás. O desempenho do carro é praticamente o mesmo. O único problema é que só percebemos que acabou o combustível quando o carro começa a engasgar, pois não há o sistema de luzes verdes sinalizando o volume de gás restante. Sim, a Rural engasga se não tem combustível suficiente. Ora vamos, todos os carros!!! Mas daí é só desconectar o relógio, que deve ser novo, e por o botijão reserva. É impressionante como este carro representou um marco no desenvolvimento de novas tecnologias. Ah, Rural! Como sinto saudades de você, do seu azul reluzente e de seus faróis parcialmente acesos, sim, sempre acontecia de um pequeno defeito na parte elétrica e foi! A luminosidade da Rural ficava comprometida. Mas deixa estar, tínhamos sempre uma lanterna com pilhas amarelinhas novas para estes momentos de sufoco. Poxa, não pensei em ir tão longe nas minhas memórias quando comecei a pensar no aumento de carros na ruas e nos problemas do trânsito. Era muito bom nos velhos tempos da Rural, mas tudo bem, agora o desejo é uma Tucson. Inevitável, vai uma frase melancólica, mas não terá a mesma graça!!!! Sobre a crise no trânsito, fica para próxima semana!

Imagem retirada da internet dia 28 de junho de 2009 de minimotor.zip.net/images/rural_willys_andre_rezende

terça-feira, 23 de junho de 2009

Morte e Velhice

Esta semana quero falar sobre morte e velhice. Não sei se pelos últimos acontecimentos funestos ou pelos últimos acontecimentos pessoais, enfim, sem mesmo saber as razões em si, quero escrever sobre o assunto. E para começar quero refletir sobre o nascimento. Este momento mágico para os pais, especialmente para as mães, pois, sem dúvida, são elas que literalmente “põem a mão na massa”, afinal geram, parem e dão broncas, mas que nós, cada um de nós, sequer se lembra do cheiro, quanto mais do momento. Mas imagino que deva ter sido um dos mais doloridos da nossa existência. Afinal, estávamos no ambiente mais aconchegante do mundo, respirando com ajuda de um meio fluido delicioso e, em questões de segundos, passamos para um mundo do ar seco. Não nos lembramos de nada, só sabemos o que nossos pais contam e o que contam os livros. Mas é o nosso primeiro ritual de passagem. E não é à toa que não o lembramos. Hoje, vivendo e vivenciando todos os nossos rituais de passagem, sabemos o quanto estes são sofridos e muitas vezes sofríveis. Mas até a metade da vida tudo parece cheio de graça, a infância, a puberdade e adolescência, a fase adulta, e os acontecimentos a estes relacionados, tudo parece nos levar para situações melhores e mais felizes principalmente porque teremos o que mais almejamos: a liberdade. Adultos, somos livres para nossas próprias escolhas, e talvez aí esteja o perigo. Exatamente neste ponto poderia começar a discorrer sobre vários aspectos dentro deste tema, mas hoje me prendo apenas no sentimento que temos ao chegar aos rituais seguintes, velhice e morte. Estes representam o fim de carreira, o topo da caminhada, é lá que devemos chegar se tudo correr bem nas nossas vidas, exatamente nesta ordem. E toda a empolgação, a vivacidade, e as esperanças cedem espaço para o desânimo, a apatia, as neuroses, a desesperança, as dores e a infelicidade. Que contradição! E justo neste momento que somos vencedores; é exatamente nestes rituais que podemos nos orgulhar da vida que tivemos, da história que escrevemos, dos laços que criamos. E porque afinal não é assim? Será que também sentirei estes maus presságios? Amigos, digo no futuro porque, estou perto, mas não cheguei lá ainda!!! E daí me preocupa. Mas reflito o que devo fazer para ser diferente. Como devo enfrentar cada dia para chegar aos próximos rituais com alegrias e contentamentos?! Não sei a resposta, mas estou com umas dicas. Considerando que o meu momento atual seja também um ritual de passagem, afinal estou sendo obrigada a me reinventar. Palavra bonita, mas difícil de vivê-la. E cada dia está sendo um “processo”: de aniquilar as dores e mágoas, lembrar que posso ser mais tolerante e paciente, exercitar a perseverança e crença na humanidade. Depois, ao chegar ao fim do dia, sinto-me como se tivesse nascido para um novo tempo, onde razão e sentimento convivem e não se excluem. Neste momento é apenas isto, talvez amanhã eu tenha outra idéia!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Meninas e Meninos de Décadas Diferentes

“Sair com mulher bonita, mais dinheiro você gasta? Vamos deixar passar a rede e daí a gente escolhe!” “Você já viu como o Wikipédia mudou a vida das pessoas?” Esta é a realidade dos meninos que nasceram na década de 1980. Que achamos disso, nós “meninas” da década de 1960? “Forró é a única dança que você dança no cangote da mulher!” Esta frase até parece mais interessante do que a anterior. A leveza e a graça com que eles falam é impressionante, não há maldade ou má intenção, é simplesmente a visão deles, lúdica e desejosa. Serão os hormônios? Os meninos da década de 1980 não passam 24 horas falando coisas sérias, eles ainda brincam. Entre eles os assuntos da atualidade são discutidos sem nenhum compromisso. “Quem é Jéssica Alba?” Pergunta um. “Participou do big brother?” Outro questiona. Na verdade, todos sabem quem são as pessoas e os programas, eles estão muito mais antenados do imagina nossa vã filosofia, mas discutem como se não fosse nada, ou nem se preocupam com o quê eles fazem ou o impacto dos programas que hoje as pessoas assistem, ou com o quê homens e mulheres estão lendo. São leves. E na leveza de ser de cada, os meninos da década de 1980 trabalham, estudam, questionam-se e o mais importante, vivem. E quando entram em uma sala de reunião, eles transformam-se em homens, talvez da década de 1950. As meninas da década de 1960 só reclamam! Da falta de atenção dos meninos contemporâneos, da atenção destes, e da falta de maturidade dos meninos da década seguinte. Reclamam, reclamam e reclamam, e não percebem que para conhecê-los precisam mais do que conviverem, precisam entender que, a cada tempo, um novo tempo surge. E parece que o tempo de hoje é da descontração e desconexão com o mundo real. Talvez, eles, os graciosos imaturos da década de 1980, estejam certos. O mundo real não está muito interessante para o momento, é muita gente reclamando e fazendo pouco. Talvez eles estejam trabalhando mais e dizendo menos. Talvez as mulheres da década de 1960 precisem passar a rede para perceberem!

domingo, 14 de junho de 2009

Tragédia Air France


O mês de junho chegou com uma tragédia. O vôo da Air France desapareceu sobre o oceano Atlântico na noite do dia 31 de maio. Chocou o mundo, foram 228 pessoas desaparecidas, e agora já sabemos mortas, de uma só vez pela queda deste avião. Os comandos da Aeronáutica e Marinha e representantes dos Governos Brasileiro e Francês não demoraram em apurar, investigar, falar, procurar, socorrer os parentes e as sociedades dos dois continentes. Todos queriam uma resposta pelo acontecido e todos, brasileiros e franceses, choravam de dor e angústia pelo acidente. No meio de inúmeras entrevistas, ouvi de um dos comentaristas ou especialistas, não recordo bem, dizer que quando ocorrem acidentes na aviação a busca é cada vez maior para aperfeiçoar os sistemas de segurança das aeronaves e na aviação de modo geral para evitar tragédias futuras. Então diante desse cenário fiquei pensando como um acidente desta natureza tem repercussões gigantescas, atinge autoridades até o mais alto escalão, famílias são indenizadas e confortadas, soluções são pensadas e executadas, como se nosso país, o Brasil, tivesse uma sociedade organizada, preocupada e civilizada. São atitudes e posturas de um país do primeiro mundo. O Brasil pode fazer este papel, o Brasil pode ser um país com tamanha civilidade, eis aí a comprovação. No entanto eu pergunto, mas por que apenas nos acidentes aéreos? Por que a mesma conduta social e política não é adotada em tantos outros setores necessitados? Diariamente somos tomados pelo susto de várias tragédias e não existem pequenas ou grandes tragédias: tirar uma única vida de forma violenta, já é uma tragédia com dores e angústias incalculáveis. Para conhecermos tais acontecimentos, basta-nos, nós brasileiros, abrir os primeiros jornais da manhã. São acidentes nas estradas e, nesse caso, não há necessidade de muitos peritos para conhecer as causas, qualquer leigo, como eu, já tem conhecimento: estradas mal conservadas, motorista alcoolizado ou mal preparado, veículos em má conservação e falta de respeito às sinalizações das estradas. Onde estão as indenizações dos parentes que sofreram tais tragédias? Cadê as melhorias após cada evento deste? Se estendermos nossa análise à violência gratuita nos assaltos, esses números tomam proporções ainda maiores. E ainda, descaso na saúde levando ao aumento da mortalidade em leitos hospitalares; falta de saneamento básico e a tragédia do mosquito da dengue já aparece com força total. Então não entendo e fico confusa; esse mesmo país, capaz de ações tão enérgicas e afirmativas, não pode atuar em outros setores? E a sociedade? Por que também não se posiciona de forma mais atuante em tais casos? Será o avião o meio de transporte, ainda para nós, algo tão absolutamente surpreendente que para a aviação são dadas todas as atenções? Ou será que já fizemos de assaltos e violência, degradação da saúde e acidentes nas estradas brasileiras, de fato, coisa de rotina e como tal, há que nos resignar? Saberá.